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COMO SERÁ A UNIVERSIDADE DO FUTURO?

           Desde o surgimento da Universidade de Bolonha, na Itália, no ano de 1088, as universidades sempre tiveram um papel fundamental na sociedade no assunto educação e profissionalização. 

No entanto, com o avanço da tecnologia e com a contribuição das novas gerações, elas passaram a ganhar novas obrigações no Brasil e no mundo, sendo protagonistas quando o assunto é desenvolvimento de inovação 

No entanto, o cenário muda de tempos em tempos e novas tecnologias nascem e novas formas de pensar a educação são debatidas.

Com toda essa dinâmica, fica a pergunta: como será a universidade do futuro?

Segundo alguns especialistas, em um futuro breve haverá a integração entre governo, indústrias e instituições educacionais com objetivo de fomento à inovação. 

Ou seja, elas poderão ser a base para a criação de uma região inovadora, como o Vale do Silício, por exemplo. Além disso, o objetivo poderá ser o de desenvolver indivíduos com alma empreendedora e solucionadora de problemas. 

Atualmente, existem dois tipos de universidade: a tradicional e a inteligente. 

A primeira é a que já conhecemos, com aulas de aluno-professor, trabalhos, resenhas, provas e o tão temido TCC – Trabalho de Conclusão de Curso. Tudo isso dentro da sala de aula. 

Já a segunda, intitulada como inteligente, vê a tecnologia como ferramenta de ensino de forma mais avançada do que já usamos. 

Dessa forma, a universidade inteligente foca nas características dos alunos e sua imersão em aparelhos eletrônicos, redes sociais, mobilidade, cocriação, conectividade e acesso às tecnologias de ponta que são aspectos importantes dessa geração. 

Ou seja, é um formato que busca repensar os métodos educacionais tradicionais, preparando um ambiente físico e materiais para atrair e reter os alunos. 

Henry Etzkowitz, pesquisador da Universidade de Stanford, defende a integração entre governos, indústrias e instituições de ensino, como necessária para o fomento à inovação educacional. Diz ainda que, o ensino, razão pela qual nasceram as universidades, continuará fundamental, mas a estrada de transmissão do conhecimento e formação dos profissionais tende a mudar. A formação e as aulas tendem a ser virtuais.

 Métodos tradicionais e objetivos das universidades já sofrem mudanças bruscas 

A ideia inicial de que as universidades tem como objetivo principal o preparo dos estudantes para o mundo do trabalho foi o primeiro pilar a ser atingido.

Isso pelo simples fato de que o mundo do trabalho foi completamente afetado pelo desenvolvimento tecnológico dos últimos 20 anos. 

Não apenas na questão do desenvolvimento da tecnologia, mas pela entrada avassaladora de temas inovadores no dia-a-dia da sociedade como Inteligência Artificial, Machine Learning, Data Science e Data Mining só para citar alguns.

Esses temas demandaram trabalhadores de todos os níveis, de inéditas e diferentes competências e habilidades que o tradicionalismo universitário não havia mapeado em sua estrutura de preparação para o mundo do trabalho como um todo. 

Letramento digital, inteligência socioemocional, cultura baseada em dados, pensamento ágil, mentalidade digital foram variadas competências que surgiram no ambiente comum de trabalho mas não permearam todos os cursos do Ensino Superior, ficando restrito – no melhor dos casos e de forma limitada – a cursos específicos ou centros de excelência ao redor do mundo. 

Atualmente, as universidades estão buscando se readequarem para restaurar esse pilar. 

Entre as ações estão a instalação centros de pesquisa dentro de suas áreas para entender como implantar de forma transversal competências digitais, como operar a transformação digital de seus ambientes e como implantar a mentalidade de crescimento tanto dos professores quanto dos alunos. 

A necessidade de se reinventar veio à tona e exige, neste momento, tanto por questão de sobrevivência quanto de relevância, sobretudo, velocidade, sabendo ainda que o mercado de trabalho pode sofrer outra mudança rápida. 

O segundo pilar que gerou algum abalo foi a ideia de que as universidades são os centros exclusivos de produção e propagação do conhecimento científico. 

Em grande parte isso continua sendo aplicável, em cursos como medicina, engenharia e biologia, por exemplo, e que continuam sendo campos em que a Universidade é a autoridade. 

No entanto, no que diz respeito aos temas relacionados à tecnologia e à programação em geral, ao empreendedorismo e à negócios, dentre outros, a sociedade se apropriou desse conhecimento e a criatividade somada à um conhecimento relativamente simples de linguagem informacional produziu ideias que romperam completamente os casulos e laboratórios universitários. 

Novas competências terão que ser desenvolvidas na Universidade do Futuro 

Além do conjunto de funções que as Universidades possuem e são reconhecidas socialmente até este momento que é de preparação para o mundo do trabalho e produção acadêmico-científica, um tema mais específico vem à tona e tem pressionado muito os programas curriculares e as práticas pedagógicas do mundo do ensino superior.

As competências e habilidades necessárias para as “profissões do futuro” que já estão surgindo no mercado mas, no entanto, ainda não encontram reverberação dentro das Universidades como linha de formação profissional e humana. 

Essas competências são definidas em diferentes categorias e processos como soft skills, practical skills, functional skills. São diferentes das competências cognitivas conhecidas como hard skills e que fazem parte desse novo portfólio que tem surgido como necessidade curricular e formativa e também processos mais ágeis de produção do conhecimento e criação de soluções. 

Dentro dessas metodologias ágeis, incluem-se modelos de aprendizagem ativa e colaborativa, processos estruturados de desenvolvimento criativo, velocidade, mudança de mindset, todos com nomes conhecidos e facilmente identificáveis no mercado como design thinking, scrum, XP, canvas, kanban e tantos outros criados fora da academia. 

A aparente dificuldade que as universidades vêm percebendo é a de como incluir essas novas competências e processos nos currículos dos seus cursos tradicionais , sem comprometer a qualidade científica e acadêmica dos processos formativos. 

Ao mesmo tempo em que dá velocidade e visibilidade à importância do equilíbrio de entregar à sociedade profissionais de diversas áreas que dominem a ciência necessária ao exercício da profissão e atividade social, junto às habilidades que promovam inovação de impacto e humanamente melhor do que antes da entrada no ambiente acadêmico.

Um desafio enorme diante da estrutura e organização que a Universidade tomou ao longo dos últimos dois séculos. 

O que dá para perceber como movimento do Ensino Superior no sentido de incorporação dessas novas competências e habilidades bem como adoção de metodologias ágeis para pesquisa e desenvolvimento é que algumas áreas do conhecimento têm tido mais sucesso na transformação dos seus modelos curriculares e práticas pedagógicas, como comunicação, marketing e tecnologia da informação, enquanto outras áreas têm resistido de forma mais intensa.

            De qualquer maneira, não imaginamos que seja possível qualquer profissional do futuro que não tenha alguns aspectos dessas habilidades em seu currículo e na sua formação profissional.

Com isso, conclui-se que definitivamente a universidade precisa se reinventar num curto prazo e ofertar à sociedade uma percepção de valor que vá além do seu já reconhecido valor científico e acadêmico, tanto no campo curricular, quanto no campo da empregabilidade e do valor social que o cidadão pode trazer à sociedade após a sua passagem pelo ensino superior.